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ISABELLA BRETZ
( Brasil -MINAS GERAIS )

Graduada em Relações Internacionais e pós-graduada em Direito Internacional, se tornando cantora e compositora por necessidade de autocompreensão e expressão. Seu primeiro álbum, Saudade, toca diferentes situações, sentimentos, ideias e lugares, expressando assim a inconstância do ser humano. Em 2017 lançou Canções PARA Abreviar Distância: uma viagem pela língua portuguesa, com 8 poemas musicadosss posar ela, cada um de um país da lusofonia, todos de escritores vivos.
Produz e apresenta os programas se rádio Bella Hora (Rádio Voz dos Açores) e Casazul (Rádio Inconfidência).
É uma das coordenadoras mundiais do “Sonora – Festival Internacional de Compositoras”.

CEM POEMAS  CEM MIL SONHOS; homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país.           Organização: por Rodrigo Starling. Entrevista com Vladimir Palmeira.  Belo          Horizonte: Starling, 2018.   176 p.     14 x 20 cm. Capa: Jackson Abacatu.  N. 09 814
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA

PREENCHIMENTO

Um raio atravessa meu peito,
não sei explicar.
Vejo-me esperto, capaz, melhor.

Melhor do que fui.
Melhor do que eles.
O prazer pousa no olhar, na pele...
Gosto.

Sensação,
que de tão forte torna-se  uma cena.
Construo um filme
na mente, torna-se um desejo:
agir.

Pela primeira vez a minha alma,
minha deserta alma,
encontra refúgio.
Meu mais profundo querer se apresenta real!
Eu sei os que fazer.

AGORA SEI O QUE FAZER!
No meu filme posso ser quem eu quiser!
Depois de todos os ensaios, de tantas tentativas...

O medo se vai.
— 

Agora, em cada ordem
sinto-me ouvido.
Na regra
sou forte
Em cada ataque,
imbatível.
Em cada súplica
sou grande.
Ao calarem,
grito.

Na censura
sou íntegro.
Na obediência.
mestre.
Na tortura
se curvam.
No sangue
eu me vingo.
E ao vê-los cativos...
sou livre.
—
O vazio encontrou calor.
O amor dos meus pais,
a admiração de meus irmãos,
meu valor pra ela,
o respeito deles,
o que eu sonhava ser...
Nada importa mais, posso sozinho.

Alívio!
Estou cheio.

Por enquanto.


MOSTRE-ME

Não há registro de fala,
história contada,
pele marcada, nada...
Não há filho sem pai,
olhar que esvai,
corpo que cai
na mata...

Não há nota de jornal,
direito fulcral
violado em plural
que amarga

a boca de alguém
que não vê além
pois não é refém
da farda

*
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